O Nieped (Núcleo Interáreas de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade), formado por docentes do PPGE (Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado), do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto (SP), desenvolve, com coordenadores, professores e estudantes dos cursos de Publicidade e Propaganda, Pedagogia e Letras da mesma instituição de ensino, um projeto de pesquisa que visa resgatar a história e a pedagogia utilizada na Escola para Cegos “Helen Keller”. A entidade, fundada em 1954, tinha como objetivo preparar os alunos para completarem seus estudos em unidades de ensino “regulares”, no município e na região, ou em organizações específicas para pessoas cegas e/ou com deficiência visual – como é o caso, por exemplo, de uma de suas alunas que cursou o antigo 1º Grau no Instituto Padre Chico, em São Paulo (SP).

O projeto, intitulado: “História, Memória e Cegueira: contribuições da Escola para Cegos “Helen Keller” de Ribeirão Preto (1954-1990) à Educação”, é coordenado por Daniela Leal, professora doutora do Mestrado. Considerada a primeira instituição de ensino para pessoas cegas e/ou com deficiência visual da cidade, ela funcionava na rua Lafaiete, 897, no Centro, utilizando dependências da Acerp (Associação dos Cegos de Ribeirão Preto), atualmente conhecida como Lar dos Cegos.

A sinergia entre o Nieped e os cursos do Moura Lacerda surgiu após Daniela Leal conhecer o trabalho realizado pelo Projeto de Extensão Universitária “Publicitários Solidários, que coloca estudantes do curso em contato com entidades assistenciais da cidade para que, voluntariamente, atuem no sentido de auxiliá-las em seus processos de Comunicação. Com orientação de professores e da coordenadora do Curso de Publicidade e Propaganda, Carmen Justo, um grupo de alunos desenvolveu uma nova logomarca e criou uma campanha publicitária para o Lar dos Cegos, visando ao apoio e à arrecadação de doações para a instituição. O projeto foi premiado com o 2º lugar no FestDigital 2016 (Festival de Mídia Digital e Interativa), promovido pela seção local da Associação dos Profissionais de Propaganda.

“No dia da apresentação da nova logomarca à diretoria do Lar dos Cegos, Ana Paula de Souza Veiga Soares, neta do fundador da “Helen Keller”, José Ferreira Martins Júnior, nos contou que há muito tempo existia naquele espaço uma ‘escola de Braille’ para pessoas cegas e com baixa visão. Apesar de a escola deixar de funcionar em 1990, parte dos arquivos, como fotos e livros, foram mantidos no local e com a família”, conta Carmen Justo. Alguns dias depois, ao comentar o ocorrido com a professora Daniela Leal, que é pesquisadora na área das deficiências, com ênfase em cegueira, o projeto começou a ganhar forma. O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e pontuações.

Segundo Daniela Leal, o objetivo final da pesquisa será criar e compartilhar com a sociedade e com o meio acadêmico um acervo digital sobre a escola, contando sua importância à comunidade cega de Ribeirão Preto e demais cidades da região. “Os dados e as informações sobre a instituição estão sendo coletados por meio de entrevistas com familiares do fundador, falecido em 28 de julho de 2001, com funcionários, ex-funcionários e ex-alunos. A busca em documentos disponíveis em diferentes espaços e fontes, como bibliotecas, arquivos pessoais e públicos, entre outros, são recursos utilizados por nós”, explica a docente.

Parceria multidisciplinar

De acordo com integrantes do Nieped, que se encontram, quinzenalmente, para estudos e discussões tanto dos dados obtidos sobre a escola como dos referenciais teóricos que dão base e suporte à pesquisa, essa é a primeira vez que um projeto é realizado pelo Mestrado em parceria com os cursos de graduação do Moura Lacerda. Para que o trabalho seja o mais completo possível, cada integrante dedica-se a um aspecto da pesquisa, de acordo com sua área de atuação.

Publicidade e Propaganda fará todo o acervo digital. Nele haverá textos e imagens que relatarão desde a concepção da pesquisa até a história da Escola “Helen Keller” e dos sujeitos que dela fizeram parte. A criação deste material vem sendo realizada pelo aluno Willian Lopes, do 6º período, como parte de seu PIC (Projeto de Iniciação Científica), sob orientação da professora Carmen Justo. Segundo ela, a atividade também ajudará na captação de recursos financeiros para o Lar dos Cegos: “O trabalho, que dará continuidade à ação iniciada, em 2016, como os ‘Publicitários Solidários’, visa promover e reforçar a marca da entidade”, conta.

No primeiro semestre de 2017, o grupo passou a contar com Leandro Medeiros, engenheiro de Telecomunicações, especialista em TI (Tecnologia da Informação) e mestrando do PPGE. “Além de colaborar com o desenvolvimento do acervo digital, ele também começou a desenvolver um projeto para uma plataforma de pesquisa, na qual poderemos guardar e disponibilizar todo o material encontrado e produzido ao longo dos três anos totais de trabalho”, afirma Daniela Leal.

A organização das fotos da escola ficou a cargo da aluna Letícia Diniz, do 6º período do Curso de Letras, que é orientada pela professora doutora Rosilene Batista no desenvolvimento de seu PIC. Segundo a estudante, a identificação com o tema foi imediata. “Acho importante contribuir com a construção do conhecimento sobre Educação Inclusiva”, diz. “Nesse primeiro momento, estamos buscando fotos para separação e catalogação. Queremos resgatar a cultura do local, os eventos e as atividades realizadas na época, os materiais e os objetivos usados na prática educativa, entre outros”, completa Rosilene Batista, que também responde pela coordenação do Mestrado.

O Curso de Pedagogia tem como pesquisadores a professora mestra Giane Fregolente e o coordenador da Graduação, o professor mestre Osvaldo Tadeu Lopes, que também é presidente do Nuace (Núcleo de Acessibilidade do Moura Lacerda). Ambos farão o levantamento das práticas pedagógicas desenvolvidas pela instituição. “Buscamos entender como a escola contribuiu com a sociedade da década de 1950. Naquela época, a educação para os cegos não era democratizada e havia recursos educacionais pouco avançados. Queremos investigar as concepções teóricas e metodológicas usadas pelos professores, entre outros aspectos”, salienta Lopes. Amante da Educação Inclusiva, Giane diz estar satisfeita com a possibilidade de adicionar a pesquisa a sua carreira acadêmica. “É uma atividade que acrescentará bastante aos meus conhecimentos metodológicos. E não há, em lugar algum, registros sobre esta unidade estudantil, e isso torna o estudo mais curioso”, conclui a docente.

Para complementar a pesquisa, a professora Daniela Leal, com base na técnica de “história de vida” e/ou da “história oral”, tem entrevistado alguns dos ex-alunos, bem como duas das filhas do fundador, José Martins Ferreira Júnior, para falar sobre suas vivências e memórias sobre a Escola para Cegos “Helen Keller”. “Os documentos revelam a estrutura, o regimento, os eventos, os fatos, a concretude da escola. A história de vida de cada uma dessas pessoas revela os significados e os sentidos atribuídos àquele espaço. Revelam como a realidade vivida ali os afetou positiva ou negativamente”, afirma.

Colhendo frutos

Em agosto deste ano, o Nieped completou um ano. A parceria de seus integrantes já colhe frutos do primeiro projeto de pesquisa. Durante o 39° Ische (International Standing Conference for the History of Education), que ocorreu de 18 a 21 de julho, em Buenos Aires, na Argentina, Rosilene Batista apresentou as primeiras impressões que ela e sua orientanda, Letícia Diniz, registraram das fotos separadas para catalogação por meio do trabalho intitulado “A história por meio de imagens: as fotos da Escola para Cegos ‘Helen Keller’”. Também em julho, Daniela Leal apresentou o trabalho “Sentidos atribuídos à Escola para Cegos ‘Helen Keller’: o pensar e o sentir de Carmitta, Wagner e Mariana”, resultante da entrevista inicial com três ex-alunos da instituição. A atividade aconteceu durante o Icre’17 – Porto International Conference on Research in Education, na cidade do Porto, em Portugal.

Em parceria com a FFCLRP-USP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo), os pesquisadores do Nieped, além de ajudarem na organização e na divulgação, estiveram presentes, nos dias 24 e 25 de agosto deste ano, no Curso de Difusão Cultural: “Correspondência epistolar – Diferentes perspectivas de investigação”. A atividade contou com a participação do professor doutor Emanuelle Colombo, docente de História da DePaul University, de Chicago, nos Estados Unidos. A participação possibilitou, além de aprender mais sobre pesquisa em história, trocar conhecimentos sobre a condução do trabalho do grupo.

Em outubro deste ano, as professoras Carmen Justo e Daniela Leal participaram de uma mesa-redonda na 47ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia e no 1º Congresso Brasileiro de História da Psicologia, na cidade de São Paulo, expondo o caminhar do projeto de pesquisa, que despertou certo interesse e curiosidade dos demais pesquisadores presentes. Para 2018, além das constantes comunicações em eventos, o Nieped começa, a partir de novembro, a se debruçar sobre a construção escrita de artigos e demais produções sobre os dados que possui até o momento.

 

 

 

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